Capítulo 3

PERDÃO 

      É só dizer a palavra “perdão” para algumas pessoas e a resposta é imediata: “Está brincando?” ou “Estou fora!” ou “Nunca” ou “Não depois do que ela fez!” ou até mesmo “Bem que eu gostaria que fosse possível”. Às vezes, a mera idéia de perdoar alguém pode resultar em sentimentos de raiva e fúria mais intensos; às vezes traz alívio imediato.

      Pare alguns minutos e repare nas emoções que a sugestão de perdoar alguém desperta em você. Permita que venha à sua mente um indivíduo que você acha que lhe fez sofrer. O que você acha de perdoar essa pessoa? O que significa para você perdoá-la? O que você teria que fazer para perdoá-la.

      Uma das razões pelas quais todos achamos difícil viver no momento é o fato de nos concentrarmos nas feridas que sofremos no passado. Essas feridas, sejam elas físicas, emocionais, mentais ou financeiras, tornaram-se parte das nossas identidades. É com freqüência mais seguro suportá-las ___ sofrer com a lembrança delas ___ do que deixá-las ir embora e correr o risco de enfrentar as mudanças que certamente se seguirão. Renunciarmos a nossa mágoa significa atravessar uma morte e um renascimento, deixando que uma identidade desapareça e outra tome seu lugar. Isso pode ser assustador, especialmente se não estivermos certos de como será a nova pessoa que nos tornaremos.

      No entanto, grande parte da nossa energia criativa pode estar sendo despendida no revivescimento de antigas feridas. Somos chamados para o passado por lembranças de mágoas e traições, e ainda pelo desejo de reparar as ofensas. Ensaiamos o que vai acontecer; representamos nossos roteiros de vingança e reparação. Pedimos que nos curem. Mas não alcançamos a cura, porque na verdade não a desejamos. Abandonar nossas feridas significa o risco de perder a nós mesmos, a pessoa que conhecemos.

      Para que possamos liberar essa energia que está ligada ao passado, a melhor solução que conheço é perdoar com amor as ofensas e mágoas que sofremos. Perdoar não significa admitir que foi correto sermos feridos ou que a justiça não deva ser feita. Significa renunciar as imagens da nossa dor tendo em mente uma maior unidade, para que nossa energia possa voltar para nós no presente. Significa dar a nós mesmos permissão para avançarmos e sermos perfeitos.

      Nunca é fácil perdoar, porque essa atitude implica renas-cer. Na verdade, você pode fazer do perdão de antigas feridas um projeto de concretizar seus desejos: concretizar um novo você livre de mágoas.

      Recuperar sua energia do passado é um importante ele-mento no seu programa de competência na concretização de seus desejos; o perdão pode ser a ferramenta-chave para que você alcance seu objetivo.

 

PERDÃO __ A CHAVE PARA A PAZ DE ESPÍRITO

      Existem muitas maneiras de definir o perdão, porque o perdão é muitas coisas. É uma decisão, uma atitude, um processo e um modo de vida. É algo que nós oferecemos aos outros e às vezes algo que aceitamos.

      Perdoar é uma decisão de ver além dos limites da nossa personalidade. É a decisão de ver além dos medos, idiossincrasias, neuroses e erros ___ de ver uma essência pura, não-condicionda pela nossa história pessoal, que possui um potencial ilimitado e que sempre merece respeito e amor.

      Perdoar é uma escolha de “ver a luz ao invés do abajur”, escreveu o Dr. Gerald Jampolsky, autor de muitos livros sobre o perdão. Na verdade, quando você perdoa, você pode ver o abajur (identidades condicionadas ou baseadas no medo), mas você o vê no contexto da luz que ilumina o íntimo de cada um de nós.

      Para perdoar é preciso reconhecer que, se a pessoa está se comportando como um “bobalhão”, ou de modo insensível, então estão implícitos no seu comportamento, a constrição e medo. Mesmo que não óbvio para o olhar intransigente, sob os seus comportamentos e atitudes está um pedido de respeito, reconhecimento e amor. No início é preciso muita percepção para notar essa dinâmica, porque estamos condicionados a ver a outra pessoa como estúpida ou errada, ao invés de oprimida e assustada.

      Perdoar é uma atitude que implica você estar disposto a aceitar ser responsável pelas suas percepções, compreendendo que suas percepções são uma escolha e não um fato objetivo.

      Perdoar é uma atitude que favorece olhar para uma pessoa que você pode ter julgado automaticamente e notar que ela é mais do que apenas a pessoa “horrível” ou insensível que você vê. Se alguém o repreende ou age desrespeitosamente, sua reação condicionada pode ser sentir-se magoado, ameaça-do e zangado: “Como ela pode dizer isso de mim?” ou “Como ele ousa gritar comigo?” Essas reações são naturais. Existem respostas alternativas que podem lhe dar a clareza e a visão necessárias para evitar que as reações ignorantes ou baseadas no medo de outras pessoas deixem você zangado ou na defensiva.

      Uma conseqüência de compreensão de que as suas percepções são uma escolha é que, à medida que você muda as suas percepções, suas reações emocionais também mudam. Ao invés do homem zangado que atacava você cinco minutos atrás, você vê um garotinho frustrado e assustado. Na maioria das vezes, a criança ferida e assustada que há nos outros é a responsável pelas suas faltas de julgamento maduro e amoroso. Essa criança ferida vive dentro de nós, adultos, se as nossas necessidades básicas de amor, entendimento e conforto foram negadas na nossa infância. A criança ferida continua sendo uma força motriz dentro da psique adulta até ser reconhecida e curada. Perdoar capacita você a ver a criança ferida, o condicionamento passado, o pedido de socorro e o desejo de amor e respeito que está sob o comportamento in-sensível.

      Perdoar é um processo que requer a mudança da suas percepções repetidas vezes; raramente ocorre uma só vez. Nossa visão habitual é obscurecida pela projeção de julgamentos e percepções do passado sobre o nosso presente. Enquanto isso acontece, somos facilmente iludidos pelas aparências externas. Quando escolhemos mudar a nossa perspectiva para uma visão mais profunda e abrangente, somos capazes de reconhecer e afirmar a verdade maior do que somos e do que os outros são. Como resultado dessa mudança, surge naturalmente uma compaixão maior para conosco e para com os outros. Cada vez que realizamos essa mudança, enfraquecemos o monopólio do ego sobre as nossas emoções e podemos, como está implícito na palavra perdoar, deixa passar, liberar e deixar de se prender ao passado. Perdoar é um sentimento que pode ser experimentado de muitas maneiras: alegria, paz, abertura emocional, tranqüilidade, extroversão, confiança, liberdade, leveza e senso de justiça.

      Perdoar é um modo de vida que gradualmente nos transforma de vítimas indefesas das nossas circunstâncias em poderosos e amorosos co-criadores da nossa realidade. Como modo de vida, o perdão envolve o compromisso de experimentar cada momento de maneira nova, clara, sem medo. Ele é o fim das percepções que obscurecem a nossa capacidade de amar. Quando a maioria das pessoas pensam em perdoar, elas acham algo a ser feito de situação a situação, de incidente agressivo a incidente agressivo. Embora o perdão seja crucial nesses períodos se desejamos ser livres, saudáveis e capazes de avançar, ele é, no sentido mais amplo, uma maneira geral de se relacionar com a vida que é clara, compassiva e compreensiva. Perdoar nos ensina que podemos discordar resolutamente de alguém sem negar o nosso amor; perdoar nos leva além dos medos e dos mecanismos de sobrevivência a que fomos condicionados, até uma certa ousadia de visão que nos permite adentrar num novo reino de escolha e liberdade onde podemos descansar das nossas batalhas. Perdoar nos leva ao lugar onde a paz não é uma estranha e nos capacita a conhecer a nossa verdadeira força.

 

O QUE O PERDÃO NÃO É

      Perdoar não é aprovar comportamentos negativos e impróprios ___ tanto seus como de outra de pessoa. Abuso, violência, agressão, traição e desonestidade são algumas coisas que podem ser completamente inaceitáveis. Você pode sentir que uma ação firme e decidida ___ divórcio, litígio, ou o final de um relacionamento ___ é necessária para impedir que aquele comportamento se repita. Perdoar não significa aprovar ou apoiar o comportamento que lhe causa dor, nem o impede de agir para mudar uma situação ou para proteger os seus direitos. Por exemplo, a idéia de perdoar um estuprador, pode perturbar ou até mesmo enfurecer você. Pode parecer impossível perdoar alguém que violou intensamente os direitos de outra pessoa; mas isso só é impossível se for necessário aceitar o ato para perdoar.

      Perdoar não é fingir que está tudo bem, quando você sente que não está. Às vezes, a diferença entre o verdadeiro perdão e negar ou reprimir a raiva e a mágoa pode ser enganosa e confusa. Como sentir raiva muitas vezes é considerado inaceitável (ainda mais se você a expressa), muitas pessoas aprendem cedo na vida a substituir sentimentos verdadeiros por sentimentos e comportamentos aceitáveis, que não resultem em punição e abandono. 

 

PARE E PENSE

      Pare por alguns minutos e recorde alguma vez em que você esteve com raiva. O que você sentiu? Ou, se você está zangado agora, pare e se conscientize do que está sentindo neste momento… Agora respire fundo e se aprofunde nas suas emoções. O que está acontecendo sob a sua raiva? Você se sentiu ou se sente assustado? Inseguro? Indefeso? Impotente? Magoado? Abandonado? Você sentiu, ou sente, o desapontamento de expectativas frustradas ou sonhos não-realizados? Olhe mais fundo. Sob os medos, frustrações e/ou tristeza, você quis ou quer que alguém escute ou preste atenção em você? Você, consciente ou inconscientemente, estava ou está pedindo respeito, reconhecimento, carinho ou amor?

      À medida que você for se aprofundando, possivelmente se perceberá que a raiva é na verdade um sentimento superficial. Não por ser falsa ou trivial, mas porque encobre muitos outros sentimentos e energias. Se nos perdermos na nossa raiva, ficaremos surdos aos nossos sentimentos mais profundos. Acabaremos ouvindo apenas aqueles que aprenderam a falar mais alto.

 

RAIVA E RESSENTIMENTO

      A raiva é uma forte e temporária reação emocional à sensação de estar sendo ameaçado de alguma maneira. Quando a raiva surge, pode ser expressa e aberta e diretamente, ou pode ir para o subterrâneo, se expressando de uma maneira silenciosa e persistente, como ressentimento crônico. O ressentimento já foi comparado a uma brasa ardente que seguramos com a intenção de jogá-la em outra pessoa, enquanto queima a nossa mão. Na verdade, a palavra ressentimento é a forma substantivada de ressentir ___ sentir intensamente e sentir de novo. Quando estamos ressentidos, sentimos intensamente a dor do passado de novo e de novo. Isso não só desgasta dramaticamente o nosso bem-estar emocional como também ataca de uma maneira poderosa e negativa o nosso bem-estar físico.

 

AUTO-ANÁLISE

      Gostaria que você fizesse uma auto-análise no que se refere a sua gestação, nascimento, sua fase de bebe, criança, adolescente e adulto na visão de Freud e seu discípulo Reich como será explicado abaixo:

      Reich, discípulo de Freud, desenvolveu métodos não verbais de analisar os conteúdos psíquicos para com eles trabalhar. Para Reich, existiria um paralelismo psicofísico que permitia ao profissional tratar da mente usando o corpo e vice-versa. Seus postulados partiam de observações de pacientes e trabalhos corporais e sua base teórica foi fundamentada na teoria do desenvolvimento da criança de Freud. Em uma de suas mais importantes obras, Análise do caráter, Reich descreveu o trabalho terapêutico com pacientes analisando as resistências mais freqüentes em análise que decorrem, muitas vezes, do que ele chamou de estrutura do caráter.

      Para Reich, as pessoas que tiveram traumas ou estresse muito grandes em uma determinada fase da vida, ficariam fixadas em atitudes típicas dessa fase e teriam uma atitude mais ou menos previsível a partir daí, seguindo uma estrutura de personalidade, que ele chamou de estrutura de caráter. Essa estrutura provém de um “encouraçamento do Ego frente aos perigos do mundo exterior e das exigências recalcadas do Id”. A estrutura de caráter, segundo ele, não é apenas mental, é também física e pode ser codificada a partir de posturas mentais e físicas (a partir das couraças musculares) e trabalhada por meio do corpo. O caráter determina uma forma de ser e estar no mundo mais ou menos enrijecida, que é uma mudança crônica do Ego, pois esse tem uma função protetora, como uma casca que resguarda um interior frágil.

      A formação do caráter depende de  fatores como fase da vida, na qual ocorre o choque entre a realidade externa e o mundo interior; freqüência e intensidade das frustrações, traumas e estresse; a capacidade para tolerar a frustração; e outros fatores que determinam quantidade e qualidade do processo energético envolvido.

      O caráter é marcado pela formação de couraças musculares ou pontos em que a energia não flui, permanecendo fixa. As couraças musculares refletem problemas, fixações ou complexos. Dessas observações, nasceram a leitura corporal e o trabalho corporal em psicoterapia. Hoje em dia, muitas linhas terapêuticas e analíticas utilizam o corpo para mobilizar os conteúdos psíquicos, de formas diversas. Reich foi o pioneiro.

      O fato de Reich trabalhar com o corpo não significa que ele excluísse a mente ou a livre associação de idéias. Pelo contrário, ele acreditava que trabalhar as associações de idéias era muito importante, mas poderia tornar-se estéril se o indivíduo estivesse preso a atitudes e pensamentos estereotipados, como curtos circuitos mentais. Seu projeto terapêutico visava à conscientização sistemática das atitudes neuróticas provenientes do caráter, para que as resistências mais grosseiras, ligadas a sua estrutura, não impedissem o prosseguimento da análise.

      Diferentemente de Freud, Reich acreditava ainda que fosse possível tornar conscientes os conflitos psicológicos, conforme propunha a psicanálise, eles continuariam a existir. O entendimento da origem dos problemas alivia por certo tempo à condição da pessoa com algum desequilíbrio, a qual porém, tende a voltar a ordenar-se da mesma maneira, pois esse é o modo mais econômico de ordenar sua estrutura mental. Reich utilizava o conceito da economia da libido, ou seja, o jeito mais fácil para se organizar psiquicamente (e energeticamente) é aquele já conhecido e, por isso, via de regra, volta-se sempre a ele.

      Reich passou a usar o termo bioenergia (que significa a energia que circula entre o corpo e a mente) para descrever a unidade funcional que é o ser humano. Reich apontava para oposição entre postura/estrutura e movimento. Quanto mais rígida a postura, a atitude mental ou física, menor o movimento de energia. Entretanto, a energia também precisa de um corpo para transitar. Sujeito saudável é aquele que pode movimentar-se e estruturar-se, que não é rígido, nem total-mente maleável.

      Para entender as estruturas de caráter impõe-se conhecer, brevemente, o pensamento de Freud.

      Freud estudou o desenvolvimento individual do homem a partir da sua infância. Definiu que o homem tem pulsões, que equivalem ao instinto presente nos animais, e que essas pulsões movem-no em direção ao objeto desejado ou afastam-no do indesejado. Essas pulsões fazem parte inicialmente do “id”, que é a camada mais antiga e primitiva do psiquismo. O Id impulsiona o individuo a satisfazer as suas necessidades inatas e a descobrir o mundo, mas ele desconhece os limites. O Id é o ser, na sua forma mais bruta e pura. Posteriormente, o contato com o mundo externo possibilita o desenvolvimento do Ego, que será a interface entre os instintos e a realidade. É o Ego que proporcionará o meio de satisfazer as necessidades do Id de maneira mais segura.

      O Ego é um protetor dos estímulos externos e um modula-dor das respostas que a pessoa dá às diversas situações e que, em última análise, determina a identidade de cada um. O indivíduo não é somente o seu Ego, mas identifica-se com ele e se expressa por meio dele. O Ego gera o movimento voluntário e pode proporcionar respostas de confronto, fuga e adaptação, dependendo do estímulo externo. Ele se ajusta, ainda, às exigências internas do Id e decide quais desejos e instintos devem ou não ser satisfeitos. Além do Ego, há o Superego, que armazena as exigências e condutas dos pais e internaliza certos padrões, que servirão de guias para as tomadas de postura durante a vida. o superego dá uma série de limites ao Id. Entre os valores do Superego e as necessidades do Id, está sempre o Ego. As tensões e frustrações diárias geram estresse e sensação de desprazer. Já o oposto disso é o relaxamento. Segundo Freud, o homem é impulsionado pelo instinto de prazer em oposição ao instinto de morte.

      Para Freud, a libido é um impulso sexual que orienta a pessoa a buscar o prazer, não só o do ato sexual, mas também aquele relacionado à estimulação das zonas erógenas. A libido surge, pois, na primeira infância e estimula a criança a explorar a zona erógena ativada em cada fase de sua vida.

      Assim, distingue-se a fase oral, em que a libido se concentra na boca, no ato de mamar e, posteriormente, na mastigação. Segue-se à fase sádico-anal, na qual a libido concentra-se na região anal e a criança sente prazer com a possibilidade de reter as fezes e de eliminá-las. Após esta fase, a criança passa pela erotização dos órgãos genitais e pela diferenciação do feminino e do masculino, mas o contato com os genitais ainda não é total. Essa é a fase em que a criança pode desenvolver o complexo de Édipo (fase fálica ou genital-incestuosa). Finalmente, surgem a fase de latência e a fase genital. A fase de latência começa em torno dos cinco anos, estendendo-se até a puberdade. Na puberdade, ocorre a fase genital, propriamente dita, que é o contato definitivo com a sexualidade, marcando o início da vida adulta.

      O desenvolvimento saudável possibilita a ativação das zonas erógenas, levando o indivíduo a desenvolver-se bem física e psiquicamente. Quando há traumas, dificuldades, ausência de contato em uma determinada fase, a criança pode fixar-se em uma dessas fases (fixação da libido).

      Reich inicia sua teoria tomando como ponto de partida as idéias freudianas, que dizem ocorrer à formação do caráter com base no conflito entre o meio externo e as pulsões internas. O Ego estrutura a meditação entre as pulsões libidinais (Id) e as exigências do meio externo (representadas internamente pelo Superego). Quando a energia da libido não pode ser expressa, forma-se um recalque. Se a mesma inibição se repete cronicamente, esse recalque se tornará parte de uma couraça. Tal pode ocorrer a vários níveis e a soma de conflitos enfrentados dará uma forma específica à couraça, sendo expressa por uma atitude mais ou menos permanente ou por meio de um caráter típico e rígido – mecanismo de proteção do Ego.

      Esse processo, tal como foi descrito, mostra a formação de um caráter neurótico, em contraposição ao não neurótico ou “genital” (genital, pois não há encouraçamento da libido).

      O caráter neurótico é marcado por atitudes rígidas ou estereotipadas e pouco adaptadas ao meio, ao passo que o caráter não neurótico ou genital encontra-se em um indivíduo capaz de adaptar-se ao meio, de ser flexível e de fazer fluir sua energia, mesmo em situações difíceis. O que faz a pessoa procurar análise ou terapia não é seu caráter propriamente dito, mas algum sintoma que ocorre pela inadaptabilidade das respostas comuns a sua estrutura carcterológica.

      O caráter neurótico forma-se na tentativa de regular as pressões das pulsões internas e dos limites externos, mas que, com o tempo, solidifica-se como um modo de agir do qual o indivíduo não consegue mais se livrar, passando a fazer parte do seu jeito de ser. A fase do desenvolvimento em que ocorrem conflitos mais intensos e duradouros acaba por marcar onde se fixará a libido. Assim, retorna-se às fases descritas por Freud: oral, sádico-anal, fálica e genital-incestuosa.

      Se houver uma fixação da libido na fase oral, forma-se um caráter depressivo, se a fixação ocorrer na fase sádico-anal, forma-se um caráter compulsivo, se a fixação for na fase fálica, forma-se um caráter fálico-narcisista e se a fixação ocorrer na fase genital-incestuosa, forma-se o caráter histérico. Autores reichianos modernos apontam ainda para a fixação da libido na fase pré-oral (ou seja, durante gestação e nos primeiros dias de vida), originando um temperamento fóbico que será explicado adiante. Os indivíduos que não chegam a se fixar em nenhuma dessas fases, pois o estresse ou o trauma é anterior à formação do caráter, são aqueles que não apresentam uma estrutura psíquica protegida e são, portanto, extremamente frágeis. São, sob o aspecto psíquico, psicóticos ou com traços de psicose. Nesse ponto, distinguiu-se a neurose da psicose. A psicose é mais grave e anterior à neurose.

      Na psicose está um Ego demasiadamente frágil, inapto para intermediar os perigos do meio externo com os do meio interno. A pessoa psicótica passa a identificar-se com o que está a sua volta, incapaz que é de perceber os limites entre “o dentro e o fora”. As alucinações ou delírios presentes na psicose são interpretações errôneas dos sinais do mundo exterior ou interior: a pessoa percebe um vulto como alguém que o ataca, sente uma dor de cabeça e tem a certeza de que alguém ou algo efetivamente lhe pressiona a cabeça, e assim por diante. Muitos psicóticos identificam-se com algum personagem histórico, como Jesus Cristo, Hitler, Elvis Praisley, etc. Este é um modo de assumir uma forma ou uma estrutura delimitada e fechada, em um universo normalmente com poucos limites e diferenciações. É melhor ser Elvis e saber como se portar a partir dessa referência, que não ter referência alguma. Obviamente, há graus de psicose, mas algumas pessoas não os apresentam claramente, pois conseguem elaborar mecanismos de proteção ou fixações neuróticas “de cobertura”, ou seja, a neurose encobre o núcleo frágil psicótico. Nesse caso, o encouraçamento é ainda mais importante como fator de proteção e o caráter, também, pode apresentar-se mais rígido (do que em um individuo “apenas” neurótico), por estar cumprindo a função de impedir a desintegração do Ego.

      Fazendo uma analogia, o indivíduo psicótico comporta-se como uma casa em que faltam algumas paredes, portas e janelas. A casa pode ser invadida por animais selvagens ou por pessoas de todos os tipos. Seus alicerces são fracos e a casa não representa um abrigo seguro. Já o individuo neurótico se comporta como uma casa que apresenta paredes no meio da sala, algumas janelas fechadas e portas que não abrem. É uma casa, eventualmente, segura, mas, muitas vezes, disfun-cional.

      Apresentam-se, a seguir, os caracteres neuróticos descritos por Reich e pelos autores neo-reichianos: oral, compulsivo, fálico-narcisista, histérico e o caráter (ou traço) fóbico e a psicose. Cada um desses traços mostra aspectos quantitativos e qualitativos de fixação da libido, ocasionando quadros diversos. Todos temos alguma fixação neurótica, maior ou menor, pode haver mais de uma fixação em uma mesma pessoa. O ser humano é complexo, bem como o seu desenvolvimento; não se pode esperar encontrar indivíduos completa-mente “não-neuróticos” sem conflitos ou fixações.

      Uma última observação a respeito da terminologia usada neste texto: no caráter, descrito por Reich, subentende-se uma estrutura muscular rígida, que reforça a idéia de couraça. Portanto, podem-se chamar de “caráter” apenas aquelas fixações nas fases posteriores à fase oral (caráter compulsivo, fálico-narcisista e histérico). As fixações na fase oral e perinatal ou intra-uterina, recebem a denominação de tempe-ramento, pois ainda não há musculatura suficiente para formar as couraças descritas por Reich.

 

PSICOSE

      A psicose, do ponto de vista energético-estrutural, ocorre quando há ausência de defesa psíquica, a pessoa se vê tomada de conteúdos do inconsciente e do meio externo sem poder separar-se deles. O estado psicótico denota uma profunda ausência de estrutura. Algumas características psicóticas são: dificuldade de focar e prestar atenção, dificuldade de estar presente, alteração da percepção do mundo externo em relação ao interno. Ausência de identidade, extrema permeabilidade ao mundo externo e ausência de couraça ou de defesas efetivas.

      Para os autores reichianos, o desenvolvimento de psicose pode ocorrer no caso de haver um grande estresse em fases muito precoces da vida, ou de o indivíduo ter uma baixíssima carga energética. Um exemplo do primeiro caso são as ameaças para a vida, como doenças sérias da gravidez, tentativa de aborto, rejeições profundas, que ficam gravadas em todo o organismo da pessoa, impossibilitando-a de desenvolver-se psiquicamente. Mesmo com uma boa gravidez sem ameaças, o óvulo fecundado pode trazer deficiências energéticas tais, que há, posteriormente, impossibilidade de formar uma estrutura egóica. Simplificando, o problema pode estar no solo em que é plantada a semente, na própria semente, ou nos dois. Em qualquer uma das possibilidades não há, segundo a teoria reichiana, estrutura suficiente para conter a energia do cerne (ou centro vital). Alguns autores acreditam, ainda, que pode haver níveis de algo chamado núcleo psicótico, traduzidos não como uma psicose em si, mas como um núcleo de fragilidade interna, que o indivíduo poderá passar a defender durante a vida, assumindo posturas muito rígidas, para proteger-se de uma possível desestrutura-ção.

 

TEMPERAMENTO FÓBICO

      Reich descreveu os tipos de caráter de acordo com a fase da fixação da libido. Naquela época, pouco se sabia da formação da psique no nível intra-uterino. Acreditava-se que os eventos marcantes na vida de uma pessoa ocorriam na infância, mas não havia meios de estudar os efeitos de uma fase anterior à fase oral. Hoje, muitos se dedicam a estudar essas fases cruciais do desenvolvimento: a vida intra-uterina, o parto e os primeiros dias de vida. Os comentários a respeito do tipo fóbico, mais adiante apresentados, baseiam-se nos estudos de Ferri e Cimini.

      Forma-se um núcleo fóbico na fase intra-uterina e nos primeiros dias de vida, quando o bebê está muito desprotegido e qualquer falta de segurança é sentida como uma ameaça à sua vida. Segundo os autores, um estresse intra-uterino poderá gerar uma estrutura psicótica como visto anteriormente, mas isso é verdade apenas se o feto não tiver energia suficiente para proteger-se. Se esse feto sofre um estresse menor ou tem maior quantidade de energia, não haverá psicose, mas o desenvolvimento de uma personalidade fóbica, em maior ou menor grau. A psicose é uma patologia e não uma estrutura de caráter ou de personalidade.

      Retomando o tipo fóbico que, conforme descrito, é um indivíduo com média ou alta quantidade de energia e que passou por um grande estresse na vida intra-uterina, pergunta-se que tipo de estresse poderia causar a fixação fóbica. Provavelmente: tentativas de aborto, falta de contato entre a mãe e o filho, profunda rejeição materna nessa fase, problema físico da mãe, tal como doença grave que envolva o bebê ou não, etc. Outro momento que pode ser muito significativo para a formação de um núcleo fóbico é o parto. Um parto estressante que não possibilite a passagem tranquila do mundo protegido intra-uterino para o mundo externo, tão intenso e cheio de estímulos (luzes, sons, tato, dor, fome, etc), também pode determinar uma fixação fóbica. Os partos estressantes vão desde aqueles em que corre risco à vida do feto, como eclampsia, deslocamento prematuro da placenta, circular de cordão,  como também, em outro plano, o uso de fórceps e cesariana. Entender o parto como um momento de passagem e de início de vida e, como tal, a primeira experiência de mudança e início de ciclo, é perceber que um parto com risco de morte deixa uma marca profunda, como o medo de morrer, a cada mudança da vida. Um parto com o uso de fórceps deixa a marca de um grande esforço necessário para entrar em um novo ciclo. Finalmente, o parto cesáreo, tão corriqueiro nos dias de hoje, no Brasil, imprime uma passagem repentina e , às vezes, antes do tempo, quase como um susto que acompanha as mudanças de vida dessa pessoa e, muitas vezes, posteriormente, um desejo profundo de não precisar fazer nenhum esforço nas passagens da vida.

      Todas as situações descritas resultam em um estudo de alarme e alerta característico do tipo fóbico.

      Na vida adulta, são pessoas extremamente sensíveis, que percebem rapidamente se o ambiente em que se encontra é acolhedor ou não, estão sempre prontos a sair de cena se a situação ficar difícil ou pesada. O indivíduo fóbico, é capaz de inibir a agressividade dos outros com sinais infantis de desproteção e chamados de acolhimento e aceitação. Por estarem sempre com uma sensação de ameaça de vida, são extremamente atentos e móveis; sabem estudar a distância perigosa entre si e o outro. Em suas relações, confiam sempre desconfiando e, apesar de precisarem do outro para carregar sua energia e receber a estrutura que não possuem, não podem ficar prisioneiros. Ao menor sinal de falta de movimento ou de liberdade, sentem-se desconfortáveis e procuram uma saída.

      Fisicamente são muito leves, com pouquíssima estrutura muscular de defesa. São ágeis, tem o olhar atento e estão sempre ligados no que está acontecendo. Muito sensíveis, podem facilmente sentir-se descarregados energeticamente.

      O aprendizado necessário para o tipo fóbico consiste em tornar-se capaz de se defender melhor, para poder relaxar em ambientes que não são necessariamente ameaçadores.

 

TEMPERAMENTO ORAL

     A fase oral do desenvolvimento inicia-se após o nascimento e vai até cerca dos 10 meses, ou o período do desmame fisiológico, quando a criança começa a mastigar. O bebê é totalmente dependente da mãe, que alimenta de leite e amor esse pequeno ser, desprotegido e frágil. Suas defesas ainda não existem e seu único recurso é chorar. Algumas mães são capazes de distinguir os tipos de choro de seu bebê (choro de fome, de cólica, de sono, etc). A mãe entra no mundo do bebê e decodifica os sinais para que haja uma comunicação entre eles. Há uma sintonia entre os dois, nada mais importa para a criança na fase oral. Muitas vezes, entretanto, principalmente nos dias de hoje, a criança não é devidamente amamentada ou passa por um desmame precoce, que lhe confere uma marca, um estresse na fase oral. Não só esses fatos objetivos, relativos à amamentação são importantes, mas também os mais sutis, como a presença da mãe que vela pelo bebê, que advinha os seus desejos, que compreende o seu choro. Muitas mães podem oferecer contato maior, mas com qualidade ruim, estando dispersas e preocupadas com muitas coisas que não o bem-estar do seu bebê. O contato entre a mãe e filho é o primeiro passo para se estabelecer uma forma de comunicação e de relação entre duas pessoas. Essa comunicação ficará impressa no indivíduo e servirá de modelo para ele se expressar, posteriormente, a outras pessoas.

      Nesta fase, o bebê ainda não desenvolveu suficiente sua musculatura e seus sistemas de defesa são precários. Crianças próximas ao desmame são capazes de morder, mas bebês mais jovens, de dois ou três meses, ainda não. Isso confere uma diferença aos tipos orais encontrados no adulto: o tipo oral insatisfeito e o tipo oral reprimido.

      O primeiro tipo, oral insatisfeito, como o nome já diz, não foi satisfeito nas suas necessidades. Não recebeu o que lhe era de direito e tenderá a sentir-se oco, necessitando que a vida ou os outros o completem. A sensação de vazio interior, muitas vezes, manifesta-se como uma depressão na vida adulta ou uma tendência a buscar relacionamentos simbióticos, em que o parceiro oferece um preenchimento da sua lacuna e ocupa o lugar da mãe, que “adivinha” suas necessidades, mas não um lugar de adulto e companheiro que conversa, troca, exige, dá e recebe.

      O segundo tipo, oral reprimido, recebeu de sua mãe aquilo que um bebê necessita, porém cedo demais ela saiu de cena, voltando a trabalhar ou ausentando-se da relação e do contato com seu bebê. Às vezes, isso ocorre pela introdução precoce de alimentos sólidos na dieta de uma criança pequena, que ainda não tem musculatura preparada para receber esses alimentos. Esse bebê já está mais forte e mais velho que o primeiro caso, iniciou o desenvolvimento da mastigação e apesar de não estar completamente pronto, em breve passará a morder. Esse bebê também se sente vazio pela ausência precoce de sua mãe, mas como defesa, cerra os dentes e a boca.

       Além das descrições dadas, observa-se, ainda, a situação oral em que a mãe não consegue deixar o filho crescer, sair da dependência, ou, na qual, o pai está emocionalmente ausente e a criança sente a necessidade de ter a mãe sempre próxima de si. A pessoa que não teve uma relação oral equilibrada com a mãe, fica impedida de ir em frente, de explorar o mundo e buscar sua mobilidade e independência. Ou seja, tanto a deficiência na fase oral, quanto o excesso, levarão a uma dificuldade em entrar nas fases seguintes.

      O adulto com dificuldades na fase oral apresentará sentimentos de menos valia e insegurança, um eu frágil e sugestionável. Torna-se muito dependente do parceiro e teme a separação como sendo algo insuportável. Por não ter desenvolvido suficientemente a capacidade de contenção (que é a característica da fase anal, em que se contém as fezes), o tipo oral freqüentemente tende a extravasar sua intimidade, falando a todos de si mesmo, esperando que alguém o contenha e o faça sentir-se preenchido. Quando acometido por alguma dificuldade emocional maior, tem muita dificuldade de guardar para si seus problemas, pede ajuda, mas não escuta as respostas ou tende a pedir socorro a quem não o pode socorrer, ficando ainda mais vazio de si. Em geral, é pessimista e acredita que o mundo lhe deve.

      O adulto com traços de oralidade reprimida pode reagir ao vazio interior tornando-se crítico e mordaz. Essa seria uma “ação reativa” e não uma verdadeira possibilidade de escolha. O oral reprimido tem muita raiva pela privação de afeto e atenção a que foi submetido, mas pouco consegue fazer a respeito, pois ainda não é capaz de se suprir energeticamente. Ele depende do outro, porém não gosta dessa dependência. Também reativamente, o tipo oral pode tender a acumular demais. Acredita que ao possuir bens, títulos, diplomas, casamento e filhos “apresentáveis” será suficiente para obter a satisfação que tanto se busca. Contudo, continua sempre vazio, pois ele tem, mas não é.

      Corporalmente falando, o tipo oral tem uma estrutura de defesa muito fraca e sensível, pois não consegue atingir plenamente a muscularidade, responsável pela formação das couraças mais fortes. Por isso, é muito permeável ao meio e não suporta tensões prolongadas. Segundo Gino Ferri, sua economia energética é negativa, no sentido de ser freqüente-mente acometido de mal-estar, mau-humor, cansaço e vigor diminuído. Seus movimentos são um pouco mais lentos e tendem ao imobilismo. Diferentemente do tipo fóbico, o indivíduo fixado na fase oral é incapaz de fugir rapidamente das situações difíceis, também não consegue posicionar-se positivamente em relação a elas.

      A saída e a possibilidade de evolução para um tipo oral é aprender a acreditar na vida, ter fé e saber buscar atividades e relacionamentos que sejam realmente nutridores. 

 

TIPO ANAL OU CARÁTER COMPULSIVO

      A fase anal do desenvolvimento da criança vai de cerca de dez meses até dois anos de idade. Ou seja, ela se inicia no desmame ou no fim da fase oral. Com uma alimentação mais sólida e consistente, a criança passa a formar o bolo fecal, que será contido em seu organismo até que ele evacue. A sensação de conteúdo e forma, de continência, de coordenação motora e de muscularidade (necessárias para o ato de defecar) são características dessa fase, muito diferente da anterior, em que a criança ainda era incapaz de “conter” as fezes e, por analogia, a própria energia. Nessa fase, a criança começa a andar e passa de meros movimentos a motilidade real. O bebê está sendo amamentado, inicialmente, precisa de muitas mamadas para repor a energia dos alimentos, contudo, próximo aos dez meses, pode ficar períodos mais longos sem precisar comer ou sem se sentir vazio. Essa é uma grande característica que marca a diferença do tipo oral para o tipo anal: a possibilidade de sentir-se pleno e de conter a energia.

      O tipo oral não pode viver sem o outro, sem a mãe que o alimenta. Suas relações na vida adulta são o que se chama de relações simbióticas, ou seja, “eu preciso do outro”. Não há escolha, não se pode viver só, pois se trata de uma questão de sobrevivência. Já na entrada do período anal, da “neuro muscularidade”, da continência, a pessoa passa a ser capaz de, até certo ponto, aguentar períodos maiores sem precisar ser alimentado pela mãe ou pelo outro. O tipo anal percebe que tem algo dentro de si e isso causa uma sensação de potência, um prazer em ser capaz de conter e fazer sua “obra prima” (obrar significa defecar). Esses dados são fundamentais para entender os conteúdos relacionados à vida de um tipo anal. Ele é um indivíduo sólido, concreto e independente.

      Se a criança continuar a desenvolver-se, passará pelas fases fálica e histérica, até atingir a fase genital. Entretanto, o tipo anal tem uma fixação nessa fase. Por que isso acontece? A mãe desse indivíduo é uma mãe presente, mas também dominadora. Ela controla suas evacuações, o treino do controle esfincteriano, deixando uma profunda marca na criança, que “precisa” conter, a qualquer custo. O que se observa é, justamente, que o tipo anal é um tipo “contido” e não expansivo. Já o pai pode ser castrador, ameaçando a criança de ir adiante, de tomar conhecimento de seu falo e de sua potência genital (na fase seguinte, que é a fase fálica). Portanto, a criança fica presa nessa fase, sem poder experimentar plenamente as próximas. Seus pais são tipos rígidos e castradores, ameaçam a criança com punições fortes e violentas. A neurose de castração, descrita por Freud, é a que dá origem aos tipos anais ou compulsivos. Hoje em dia, esse tipo de estrutura é menos freqüente na sociedade ocidental, graças à divulgação da psicologia em revistas, televisão e escolas. Muitos pais sabem que punir severamente uma criança pode atrapalhar seu desenvolvimento. Infelizmente, isso é confundido com ausência de limites e a criança, sem o exemplo dos pais, tem de experimentar de tudo para descobrir seus próprios limites e, muitas vezes, passa a vida brigando com a impossibilidade de ter tudo o que quer.

      O controle precoce dos esfíncteres obriga a criança a manter a musculatura rígida, a fazer força e a segurar as fezes. Se ela estiver pronta, conter as fezes lhe dá sensação de potência e de prazer. Se isso ocorrer precocemente, tem medo de perder o controle (“fazer uma cagada”) e, assim, torna-se rígida, para tentar “segurar” o máximo possível.

      O adulto do tipo anal é reservado, inibido, às vezes, depressivo, tem uma agressividade latente, pouco expressa, e pode apresentar traços compulsivos e obsessivos. Essas características revelam um indivíduo metódico, perfeccionista, racional, excessivamente organizado, com um senso de dever exagerado. Diferentemente do fálico, o anal não costuma ser muito criativo ou líder, ele é mais preso a uma estrutura. Mudanças na programação causam angústia para alguém que tem um forte traço anal.

      O compulsivo tem um pensamento minucioso, repetitivo, linear, sem a noção clara de prioridades. Muitas vezes, é assolado por dúvidas, justamente por não conseguir priorizar o que é mais importante em sua vida. Tende a ruminar, a gastar muito tempo com pensamentos e idéias, como se estivesse mastigando e digerindo lentamente tudo o que acontece com ele.

      A agressividade é um outro ponto importante, pois o adulto que é predominantemente do tipo anal tem muita dificuldade para expressá-la e, quando o faz, é tomado, muitas vezes, por um sentimento de culpa. Expressar a agressividade é uma característica típica de um fálico, pois este reconhece essa força em si e identifica-se com ela. Já o anal, tem o medo da castração e recolhe seus impulsos agressivos, bem como os criativos, por medo do enfrentamento.

      Do ponto de vista corporal, são pessoas rígidas, com o corpo tenso e “socado” ou atarracado. Têm pouca mobilidade e apresentam tensões na região perianal, pelve, lábios, maxilares e também na cervical. São, em geral, retraídos e pouco espontâneos. O tipo anal representa muito bem aquilo que foi inicialmente descrito por Reich como couraça muscular, por ser sólido e ter uma defesa, muitas vezes impenetrável. Seus movimentos são pouco naturais e com ausência de ritmo, pois ele não entra em contato com os ritmos internos de seu corpo. Olhos, boca, pescoço, com baixa circulação. Já o abdome e a pelve têm menor quantidade de energia, como se o diafragma separasse a parte superior da parte inferior do corpo. Não há uma boa comunicação entre as vísceras, ritmos abdominais e pelve de um lado, com o peito e a cabeça do outro. É alguém que não está bem conectado com seus impulsos sexuais, com a fome, com o “frio na barriga”, pois não consegue sentir, nem elaborar essas informações que “vêm de baixo”.

      Como defesa, passa a ser morno afetivamente. Separa os afetos das idéias, é muito reservado e apresenta um marcado autocontrole. Não sente muito prazer, mas também não sente dor. Relaciona-se com os outros com austeridade, crítica e senso de dever, pois sua relação marcante com os pais ensinou-o a endurecer e fazer força. Pode chegar a ser pedante, pois está muito focado em si mesmo, nos seus esforços e, raramente, sente o outro. Tem, em geral, dificuldade de expressar a raiva, que fica contida e voltada para dentro. É também uma pessoa econômica, não gosta de gastar muito dinheiro, do mesmo modo que pode economizar elogios, carinho e afeto.

      A evolução para um tipo anal é ousar, ir além, soltar-se, permitir-se ter prazer e deixar de ser tão econômico. Expressar sua agressividade de maneira construtiva e criativa, acreditar que ao se soltar, ele não será punido e ao dar, não ficará sem nada.

 

TIPO FÁLICO OU CARÁTER FÁLICO-NARCISISTA

      Após a fase oral e anal do desenvolvimento da criança, ela passa por outra fase, chamada fálica. A fase fálica vai em geral dos dois aos cinco anos de idade, quando o indivíduo descobre os próprios órgãos sexuais. Além disso, já mais crescida, a criança passa a explorar o mundo que a cerca, é capaz de expressar-se melhor, de buscar o que quer, de relacionar-se com outras crianças, saindo da esfera que envolve apenas os pais. Ela percebe que há um mundo inteiro lá fora, esperando para ser explorado. Essa sensação é mais um salto evolutivo, inicia a possibilidade criativa e expansiva. A fase fálica caracteriza-se pelas descobertas que a criança pode fazer, quando suas atuações já não dependem tanto dos pais como antes. É uma fase de exibicionismo, como se por meio do falo (no homem) a criança pudesse mostrar sua potência.

      Alguns pais e, principalmente algumas mães podem ser “castradores” e ignorar ou reprimir as manifestações de potência que a criança começa a mostrar. Pode haver até uma competição com a criança sobre quem manda ali e o “corte” dos pais ser sentido como uma rejeição. Não significa que os pais não possam dar limites aos filhos, mas sim que, algumas vezes, há uma competição pelo espaço, a criança pode ser podada de maneira violenta, principalmente pela mãe que muitas vezes, é rígida e também sedutora. A criança que ama profundamente essa mãe, esconde a ferida da rejeição e passa a tentar provar que realmente “pode”, em uma tentativa de vingança. Verifica-se um jogo entre mãe e filho ou entre pai e filha, de quem conquista e quem rejeita, de quem detém o poder.

      Diferentemente da fase anterior, não há um controle visceral, das entranhas, da “obra-prima” (fezes). Ao chegar à fase fálica já se é continente, já se experimentou o prazer e a potência decorrentes do controle esfincteriano e se está apto a explorar o mundo. Os pais acompanham a criança até então, mas com a nova dose de energia presente nesse momento, podem sentir-se ameaçados na sua autoridade e daí iniciam a castração, nessa fase mais tardia. Ou então, são pais que toleram bem a independência de seus filhos e, por isso, não interferiram demais na fase anal anterior, mas no momento da fase fálica, exigem uma postura confiante, extrovertida e de sucesso de seus filhos. A criança ainda está experimentando o mundo, mas os pais já querem resultados. O sentir é posto de lado e inicia-se o fazer. Fazer aulas, fazer lições, fazer bonito nas festas e para os amigos dos pais, fazer uma série de coisas produzindo, com isso, uma imagem. A imagem é mais importante que o ser, ser quem realmente é, com suas fraque-zas e dores.

      Na vida adulta, indivíduos que ficaram fixados nessa fase, apresentar-se-ão como tipos fálicos. O tipo fálico é, em geral, muito ativo, autoconfiante, objetivo, enérgico, ousado e marcante. Pode ser arrogante e agir com superioridade. Ele é cortante, destrutivo e agressivo. Não tem medo de falar “na cara”, de magoar ou humilhar alguém e, quando é ofendido parte para o ataque. Por outro lado, é muito franco e não dissimula. É sério e tenaz; sua objetividade e praticidade fazem-no chegar onde planeja. Não gosta de ficar parado, sem fazer nada.

      Do ponto de vista corporal, o tipo fálico é, muitas vezes, atlético, bonito, imponente, com ombros largos e postura altiva. Apresenta um ar de superioridade e presunção. O pescoço é duro e musculoso, a coluna é rígida e reta; ele é muito focado e até obstinado. Tem grande agilidade motora e mental, uma postura rígida e marcante. Seu corpo é marcado por uma fragilidade nas regiões abdominal, diafragmática e da boca, mas o resto do corpo é firme e denso, compensando a fragilidade principalmente com um enrijecimento do pescoço, que sustenta a sua postura altiva, de confronto e ação.

      O fálico tem bastante energia e está sempre fazendo algo, como se não tivesse o direito de relaxar, ter prazer e sentir. Aliás, o ato de “fazer” o tempo todo é, muitas vezes, uma fuga do sentir. O sentimento torna-o mais humano, mais suave, principalmente na relação com o outro. Em geral, ele é mais rígido e frio e busca emoções fortes que possam mobilizar alguma resposta que o permita abusar do poder ou de drogas ou de conquistas amorosas, como um colecionador. A dificuldade de energia e de ter prazer opõem-se ao envolvimento amoroso profundo; a conquista é sempre um jogo de poder. Essa é a atitude tipicamente narcísica, relembrando o mito de Narciso, que se afogou no lago por enamorar-se pela sua própria imagem.

      A questão da imagem é um ponto central na personalidade narcísica. Não é só física, mas também a imagem social, o status e o poder. Mostrar suas fraquezas e feridas está fora de cogitação. Um tipo fálico, em geral, quando adoece, não o revela à família, mantendo até o fim a imagem de líder, que é forte e está acima da vida e da morte.

      O grande medo da pessoa fálica é de precisar de alguém, depender emocionalmente. Por isso, coloca-se sempre em posição de superioridade e força. O medo de precisar e pedir o faz por outro lado, desprezar profundamente quem se coloca em posição oral. O fálico tem muita dificuldade de receber e de se entregar. Sua reação a qualquer ameaça é atacar e não retroceder, ele não tem medo do confronto e sim, da entrega. Um outro ponto difícil na vida de um indivíduo predominante fálico é a paranóia. Por não confiar e não se entregar a ninguém ele está sempre alerta e desconfiado.

      O homem fálico-narcisista teve, provavelmente, uma forte admiração pela sua mãe, sedutora, mas rígida. Aqui se encontram duas situações distintas: na primeira, a própria mãe é o elemento castrador da relação, enquanto o pai é, muitas vezes, mais ausente ou fraco. Na segunda, o pai também é forte, líder e exigente.

      Na primeira cena, com um pai ausente e uma mãe marcante ocorre identificação com a força materna. Durante o seu desenvolvimento, a criança não encontra impedimento para tornar-se decidida. Contudo, por não ter tido um confronto real com um pai na infância, este tipo fálico terá maior dificuldade ao se deparar com uma figura autoritária masculina. Na vida adulta poderá se identificar com correntes alternativas de poder, em oposição ao sistema vigente.

      Na segunda cena, com uma mãe forte e um pai fálico e, também, forte, mas não castrador o suficiente para que o menino se retraia e volte à fase anal, a criança é estimulada a adotar uma atitude também fálica, desafiante, de líder. Socialmente, assume posições de poder e liderança, ocupa lugares de destaque. A postura narcísica é incentivada  pela estrutura da sociedade, que vê com bons olhos a produtividade, a competitividade, o fazer em detrimento do prazer e, desse modo, ocorre um reforço positivo de sua atitude perante a vida. Encontram-se nessa situação, homens de destaque, estadistas, grandes líderes.

      Já a mulher narcisista tem também um pai sedutor, mas que provavelmente  a abandona no momento da genitalidade. A mãe costuma ser crítica, moralista e não faz aliança com a filha, mas tem menos força que o pai. Assim, a mulher narcisista despreza as outras, tem facilidade de fazer aliança com os homens, mas, em um nível profundo, compete com eles. Se ela for forte demais pode tornar-se o “homem” da casa e deixar o marido em uma posição impotente.

      Pacientes fálico-narcisistas raramente procuram terapia, pois têm uma imagem ideal de si mesmos e não admitem que os outros apontem seus erros. É igualmente importante saber que, nos dias de hoje, o mercado de trabalho é altamente competitivo, oferecendo pouco espaço para o ser humano, por trás da política de resultados por todos almejada. Portanto, o tipo fálico-narcisita é bem adaptado ao sistema social vigente. Alguns, porém, chegam a fazer terapia e, por gostarem de ser bem-sucedidos, podem aprofundar-se bastante, o que se torna um ponto positivo no tratamento.

      O desenvolvimento de um tipo fálico ocorre quando ele pode ser, sem ter de fazer. Aceitar seus erros e aprender que a imagem não é tudo. Confiar nas próprias emoções e ser capaz de entregar-se em uma relação sem precisar ficar em posição de superioridade.

 

TIPO FÁLICO OU CARÁTER HISTÉRICO

      A fase histérica do desenvolvimento da criança é marcada por descobertas de diversas possibilidades de expressão, é a última fase antes de se atingir a plena potência genital. Essa fase, chamada genital-incestuosa, ocorre após a descoberta da potência fálica; alguns autores acreditam que a fase fálica é mais proeminente no homem e a histérica, na mulher.

      Na fase fálica, a energia da criança é reta, direta, ela foca algo e vai atrás do que quer. Já na fase histérica, ocorre uma exploração ampliada, de todas as possibilidades do ambiente, de maneira circular. A fase histérica caracteriza-se por uma excitação global, um reconhecimento de energia que circula em diversas direções até poder ser descarregada (fase genital). A criança é estimulada pelos pais e responde tornando-se ligada, alegre, interessada e ativa. Entretanto, fixar-se nessa fase pode causar superexcitação sem descarga energética. Isso ocorre, porque a criança em fase genital-incestuosa passou pelas sucessivas fases do desenvolvimento, foi querida, amamentada, recebeu limites, mas não excessivamente rígidos, desenvolveu-se livre das amarras e chega à fase edípica, de enamoramento do pai (para a filha) ou da mãe (para o filho). É uma criança cheia de vitalidade e energia, mas seu foco de amor não é passível de ser concretamente realizado, pois o pai ou a mãe não pode corresponder sexualmente a esse amor. Nesse momento, os pais saudáveis reconhecem a excitação da criança e ajudam-na a canalizá-la para uma expressão criativa ou ensinam-na a esperar (fase da latência) até que surja um parceiro, na adolescência, a quem dirigir sua forte energia sexual. Todavia, alguns pais extremamente sedutores, entram no jogo de excitação da criança, mas por não poderem ser os depositários de tanta libido, acabam recuando e deixando a criança só e perdida. Essa atitude cria uma marca na criança, que é a impossibilidade de dirigir sua energia para um foco, para um objetivo. Ela fica desorientada, sem conseguir canalizar a sua forte libido. O período edípico, que marca a fase histérica, é chamado de primeira fase genito-ocular (em oposição à segunda, que ocorre no início da puberdade). A criança entra em contato com o pai ou a mãe (do sexo oposto) e  faz fantasias do tipo incestuosas. Entretanto, ela não as pode realizar e a energia fica estagnada nessa fase da evolução, criando angústia e dificuldade de descarga energética.

      Na fase adulta a primeira fotografia do tipo histérico revela uma pessoa sedutora, desfocada, hiperexcitada, dramática, ansiosa e pouco centrada. Trata-se de um indivíduo que tem a capacidade de pressentir o que esperam dele e de se adaptar rapidamente, como uma espécie de camaleão. Gosta de ser o centro das atenções.

      O tipo histérico é mais facilmente encontrado nas mulheres, contudo, também pode aparecer nos homens que apresentam delicadeza e cortesia, além das características descritas anteriormente.

      Emocionalmente, são pessoas instáveis, sonhadoras, sugestionáveis e que, facilmente, se perdem em fantasias. O comportamento sexual de sedução sem envolvimento e, muitas vezes, no último instante, esquivam-se e fogem da relação, em uma espécie de contato e fuga. Na relação sexual, podem ter dificuldade e descarga energética, apesar de atingirem um alto grau de excitação. Graças a essa alta carga e pouca possibilidade de descarga, provocada pela dificuldade de relaxamento e entrega, são pessoas que, freqüentemente, envolvem-se em múltiplas atividades, pois têm muita energia. São ainda indivíduos que têm muito medo de entrar em depressão. Daí surge o comportamento de agitação e excitação, para não precisar entrar em contato com questões internas mais difíceis. Mudam facilmente de opinião e apresentam, comumente, instabilidade de reações. Desapontam-se com facilidade, pois idealizam as situações e os parceiros. Gostam de fantasiar e, muitas vezes, acreditam em suas próprias fantasias de maneira infantil, pois têm dificuldade de lidar com a realidade tal como ela é. Costumam recusar-se a admitir seu comportamento sedutor e ficam chocadas com insinuações feitas pelo sexo oposto, pois, na iminência de exercer a sexualidade, retraem-se, adotando um comportamento passivo ou apreensivo. Freqüentemente, representam papéis, sem chegar a expressar verdadeiramente o que estão sentindo.

      Do ponto de vista corporal, o adulto do tipo histérico tem agilidade pélvica (rebolam, dançam), agilidade corporal, cintura fina, linhas curvas e formas sinuosas. São pessoas que somatizam facilmente. Com seu andar leve, macio e flexível, não impõe sua presença no ambiente, mas insinuam-se nele. São sexualmente provocantes e sensuais. O tipo histérico não é pesado (do ponto de vista muscular), pois não condensa sua defesa em uma couraça bem definida; dissipa sua energia sem um foco preciso. Seu bloqueio energético encontra-se principalmente nos olhos e na pelve (da fase genito-ocular). Sua energia concentra-se na região pélvica, ficando deficiente na região dos olhos, de tomar uma postura assertiva (pescoço) e de ter uma identidade forte (peito). Sua couraça não é rígida como a do tipo anal ou do tipo fálico, mas pode ser tão ou mais difícil de abordar, pois é uma defesa móvel, “como uma rede de pescador, cujos nós a tornam elásticas”.

      O indivíduo do tipo histérico não costuma racionalizar, elaborar profundamente ou intelectualizar. Sua energia está mais disponível para a ação e a atuação. O amadurecimento do tipo histérico vem quando ele parar de ser ator e passa a ser o autor no palco da vida.

      Apesar de possuir bastante energia, nem sempre sabe usá-la, por não conseguir focar seus objetivos facilmente e por sua dificuldade em organizar-se.  Eventualmente, apresenta co-fixações ou “misturas” de outros tipos de fixações de caráter.

      Sabendo-se disso devemos então fazer uma auto-análise com muito carinho, olhar realmente para o nosso íntimo e realmente perdoar os pais. Pare em pense um pouco: Para você ter nascido, você precisou de seus pais, seus pais de seus avós, seus avós de seus bisavós e assim sucessivamente. Nesta linha de raciocínio também existe a transferência de aprendizado de geração para geração, ou seja, sua árvore genealógica. Sendo assim ninguém tem culpa na sua árvore genealógica, pois foram transmitidos a educação da melhor maneira de geração para geração. Se você foi educado erroneamente, perdoe-os e olhe para os seus filhos, netos, bisnetos e assim por diante. Você tem a oportunidade de romper com a ignorância, intolerância, falta de carinho, medos, sentimento de pobreza, etc. Basta entender que o perdão beneficia mais a si mesmo do que a pessoa em que você está magoada, pois o perdão é uma questão de inteligência e seus pais nada têm de culpa em sua educação não é? Um outro fato é perdoar a si mesmo e as outras pessoas com a mesma linha de raciocínio citada acima. Tenho certeza que você já perdoou seus pais, sua árvore genealógica e demais pessoas de seu ciclo de convivência e amizade. Existem ótimas bibliografias no que se refere ao perdão. Aprenda para nunca mais esquecer, que a prática do perdão nos liberta para a felicidade, a saúde e a prosperidade na vida. Não podemos nos esquecer que somos 100% responsáveis pelos nossos atos. Se você praticar 10% dos ensinamentos citados neste livro, com certeza sua vida melhorará 10%. Se você praticar 50%, 60% e assim por diante. A escolha é totalmente sua. Tenha disciplina e verá rapidamente os resultados do universo conspirar a seu favor em todos os sentidos. Leia com muita atenção, senão não adianta seguir o ensinamento do caminho da prosperidade.  



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